Minha avó assiste à novela das seis. Meu primo pré-adolescente, à das sete e ambos, eu e meus pais à das oito. Por quê?
Bem, não se trata de nenhuma pesquisa aprofundada. Pelo contrário; tudo que escreverei foi fruto da minha mera observação (pode pular, portanto, para outro post, porque, realmente, você não é obrigado a ler suposições minhas). Mas é o seguinte; geralmente, nas novelas das seis, minha avó se identifica com os enredos de época e as piadas ingênuas do povo de antigamente mesmo. Assim foi em o Cravo e a Rosa, em A Padroeira, Chocolate com Pimenta, Alma Gêmea e, mais recentemente, em O Profeta.
Já no horário das sete, aquelas mulheres monumentais, desfilando seminuas, e os garanhões (nada contra Marcos Pasquim, juro! A foto acima é para provar!), pegando todas, fazem com que meu primo pense no seu futuro com uma certa felicidade no rosto. Kubanacan, Uga Uga e, agora, Pé na Jaca prenderam e continuam prendendo a atenção dos nossos aspirantes a Pasquim.
Por fim, quando toda a família está reunida, quando meus pais já chegaram do trabalho (e eu, do meu estágio) e quando minha avó e meus primos já assistiram à sua novela específica, nos prostramos todos em frente à TV e nos identificamos, em diversos aspectos, com os enredos da “vida real”. As novelas das oito, dentre todas, são as que mais tentam representar a realidade do povo brasileiro, abrangendo diversos tipos de público, inclusive o das novelas anteriores.
Mulheres Apaixonadas, Senhora do Destino e, finalmente, Paraíso Tropical tentam criar personagens que encontramos nas ruas, em casa, no trabalho (mesmo que não consigam; aí, já é outro caso).
Enfim, são apenas hipóteses que podem ser contestadas (não se trata de uma monografia, por exemplo). Mas que minha avó, todo dia, fala que já teve algum objeto ou já usou alguma roupa dos personagens das seis, ela fala! E meu primo, “tadinho”! Esquece que Marcela, do colégio dele, é um pouquinho diferente de Fernanda Lima (Maria, em Pé na Jaca)! E, assumamos, todos já esperamos, ansiosos, alguma vez na vida, o “Boa Noite!” de Bonner!
por Juliana Lopes
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