sábado, 12 de maio de 2007

Era para rir?


Todo mundo gosta de dar umas boas risadas, e as novelas bem sabem disso. Não é à toa, por exemplo, que cada trama traz consigo um núcleo cômico – aquele que será responsável por criar as situações mais inusitadas e os trejeitos mais marcantes. Só que, se por um lado, tudo isso pode sair conforme o combinado, por outro, os escritores podem perder a mão na hora de construir o humor e, com isso, acabar gerando situações pra lá de decepcionantes.

A novela Luz do Sol (Record), por exemplo, possui Paloma Duarte e Petrônio Gontijo como representantes desse núcleo. Compondo aquela velha história das pessoas que vivem brigando e não admitem que se amam, as duas personagens vivem se metendo em confusão, apresentando aquilo que seria a parte da comédia na novela. Só que, de tanto querer provocar graça, essas seqüências se tornam exageradas e acabam muitas vezes beirando o sem sentido.

Exemplos assim servem para mostrar que, no meio da empolgação, atores, diretores e escritores acabam se esquecendo que o segredo do humor está na simplicidade. Quem é que não se lembra da risada de Nair Belo, por exemplo? Sem precisar fazer caras e bocas, piadinhas ou falar de forma espalhafatosa, a atriz conseguia arrancar risos do público com apenas uma boa gargalhada. Isso acontecia porque o telespectador conseguia perceber o quanto a sua interpretação era espontânea e, conseqüentemente, leve e engraçada.

O que se observa, portanto, é que para que algo seja bem elaborado em uma novela, tem que se buscar a famosa “moderação” das propagandas de cerveja. Não adianta tentar enrolar o público, construindo cenas em que tudo é exagerado e forçado, porque o telespectador não vai se sentir envolvido; pelo contrário, é até provável que ele se sinta menosprezado diante de seqüências tão fracas e que se dizem especialmente feitas para a sua apreciação.


Por Renata Cerqueira

Nenhum comentário: