sexta-feira, 11 de maio de 2007

Por um amor além do piegas



Grandes romances. É isso que boa parte do público espera a cada nova novela que entra no ar. Tem que ter a química entre os atores, a troca de olhares, o famoso toque entre as mãos depois dos livros caírem. Tudo bem que pode ser até clichê, mas e daí? O importante é que o público goste e se identifique - o que constantemente acaba acontecendo mesmo.

Muitos telespectadores, por exemplo, dão a maior prova de que foram fisgados nos gestos mais simples e inconscientes. Para perceber um desses indícios, basta prestar atenção no sorrisinho que surge nos lábios de muitos daqueles que estão acompanhando o mocinho dizer “eu vou lutar por você” ou a mocinha com o “eu sempre vou te esperar”.

Tudo muito bonito, muito romântico, mas existe algo a mais que me chama a atenção. Será que alguém vem reparando em como, na tentativa de representar um amor intenso e sincero, muitas telenovelas vêm exagerando? Os personagens nunca se viram, sequer sabem o nome um do outro, mas simplesmente se olham e se amam, tudo para ontem. Isso quando não são ditas juras de amor eterno logo no primeiro encontro, com direito a olhos marejados e tudo.

Embora se saiba que elementos assim funcionam com muitos telespectadores, essas abordagens soam simplistas demais. Tudo bem que as telenovelas busquem fazer com que o público sonhe acordado, mas será que isso só é possível através de uma abordagem que, de tão piegas, parece até forçada? Será que o amor construído dia após dia é sem graça demais para conquistar a simpatia e despertar o imaginário do público?

Nada contra o romance meloso, mas o que se questiona é até quando se conseguirá manter a magia de um mundo possível diante de um público que cada vez mais vem pontuando: amores assim, “só em novela mesmo”...



Por Renata Cerqueira

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