sexta-feira, 11 de maio de 2007

A arte imita que imita a vida


Trabalhando com um objeto veiculado no meio de comunicação que, há anos, atinge um enorme contingente de pessoas, o blog A Novela não poderia deixar de falar da relação entre os meios de massa e a sociedade. Uma vez que tentam agregar diferentes culturas, para atingir os mais diferentes setores sociais, os meios de comunicação têm utilizado as telenovelas como uma poderosa arma na construção de um discurso hegemônico.

A tentativa, muitas vezes apenas aparente, de nos fazer representados nas telenovelas pode ser detectada através da presença de alguns elementos culturais em tais tramas. Os problemas cotidianos de uma família brasileira “comum”, de classe média, e a religião católica sempre constante através das figuras dos padres são exemplos concretos de que os meios de massa tentam abordar aspectos comuns da vida dos telespectadores, na busca de uma identificação com estes.

Com aquele papo de que “a arte imita a vida”, a Indústria Cultural, cada vez mais, procura mostrar personagens que qualquer um de nós poderia encontrar na rua, sem, no entanto, se preocupar se o grupo social do qual aquele personagem finge fazer parte está, de fato, inserido na sociedade.
Ou seja, com um discurso aparente de diversidade cultural, os meios de massa fingem representar os espectadores, para obter audiência do maior número de pessoas possível e continuar mantendo a sociedade do jeitinho que ela está: nós, atrás da televisão, e eles, lá, pautando nossa agenda e nossos interesses.

É claro que não estacionei no pessimismo determinista e reducionista dos meios como “monstros terríveis”. Os receptores, evidentemente, podem fazer e fazem filtros seletivos dos conteúdos oriundos da Indústria Cultural. Isso sem falar nos meios alternativos que têm-nos permitido veicular idéias.

Mas as novelas, ainda assim, continuam a fazer parte da estratégia de busca de audiência através de um processo de identificação com o espectador. A vontade de imitar a realidade é tanta que, na maioria das vezes, o que se tem percebido são desastrosos estereótipos. É aquele baiano falando “oxénte”, é aquele preto, pobre e bandido ou aquele “gay-borboleta”, que só falta voar.

De qualquer forma, com maior ou menor intensidade e levando-se em conta as saídas alternativas, os discursos veiculados na televisão já inseriram, na nossa agenda, o hábito de assistirmos à nossa representação, principalmente, depois do “boa boite!”de Bonner.



por Juliana Lopes

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa... seu estilo mudou, hein?