domingo, 3 de junho de 2007

Uma perua diferente


Dizem que filho de peixe, peixinho é. Fazendo jus ao ditado, a atriz Beth Goulart (filha dos também atores Nicette Bruno e Paulo Goulart) conta com mais de 20 telenovelas em sua carreira, totalizando mais de trinta anos de trajetória na televisão. Na pele da perua Neli em “Paraíso Tropical”, a atriz vem chamando a atenção do público, principalmente por sair do estereótipo da “perua fútil”, revelando lados mais profundos em sua personagem.

Acompanhe abaixo uma entrevista que o Pop Tevê fez no fim de maio com a atriz:

Está prevista alguma reviravolta na vida de Neli?


Beth Goulart - Ela vai se separar do Heitor (Daniel Dantas). E é quando perde a estrutura familiar, que ela repensa sua vida. Acho importante o público acompanhar a trajetória dos personagens para, assim, reavaliar a sua. Novela é um espelho da vida.


Apesar da experiência, você já sentiu dificuldade de compor algum personagem?


BG - Já. A Elvira de "A Lua Me Disse". Ela praticava o mal gratuitamente, e eu não conseguia entender o porquê, já que não tinha aquilo em mim. Na época, minha terapeuta disse que minha dificuldade estava em encarar minha própria maldade. Aí percebi que todos têm um monstrinho dentro de si, difícil é reconhecer isso. Às vezes somos maus, egoístas, invejosos. Não podemos negar isso, porque é humano. Sou muito grata a essa personagem, que me ajudou a encontrar e encarar o meu lado difícil.


Seus pais te influenciaram a seguir a carreira de atriz?


BG - Foi vocação mesmo. Sempre digo que as crianças tendem a brincar com o que elas gostariam de ser quando crescerem, e foi o meu caso. Eu fazia de tudo na área teatral: dirigia, interpretava, produzia, criava cenários... Reunia os amigos, montava um espetáculo, convidava os pais e ainda cobrava ingresso! É claro que minha vocação foi potencializada pelo fácil acesso que tive a esse universo, graças aos meus pais. Tudo sobre teatro sempre esteve muito acessível para mim.


O ego, normalmente, caminha lado a lado com a profissão de atriz. Como lida com ele?


BG - O ego é a pior coisa da profissão, ele cria uma máscara. Ele até exerce uma função importante na vida da gente, já que temos de usá-lo, às vezes, como defesa. Mas exacerbá-lo é ruim. E o pior é que você não lida só com o seu, mas também com o dos outros, numa verdadeira fogueira das vaidades. É importante ter equilíbrio para não deixar que ele te dê uma rasteira. O grande obstáculo para o ator é ele mesmo, é a auto-imagem, que você tem de afastar para que o personagem possa existir.



Por Renata Cerqueira

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