Falar da homossexualidade nas telenovelas brasileiras já foi bem mais complicado. Se há alguns anos atrás a rejeição do público fez com que um casal gay fosse explodido junto com um shopping center, hoje em dia a abordagem já se mostra bem diferente - e em contínua transformação. Ao se observar as últimas duas novelas de Manoel Carlos, por exemplo, não fica difícil perceber que o relacionamento homossexual vem recebendo um tom cada vez mais simples, suave e natural nas tramas nacionais.
Em "Mulheres Apaixonadas", exibida em 2003, havia a preocupação de Maneco em destacar a discriminação sofrida por um casal de lésbicas, vividas por Alinne Moraes e Paula Picarelli. Já três anos depois, em "Páginas da Vida", o autor preferiu optar por uma abordagem distinta; ao invés de tratar do preconceito em si, a novela se encarregou de ter como um de seus focos a naturalidade da relação homossexual. Se em um capítulo havia cenas de um diálogo ao acordar pela manhã , no outro os personagens interagiam carinhosamente – e tudo de forma muito simples, muito cotidiana.
Tudo isso serve para perceber que a homossexualidade não é tratada de forma igual nas telenovelas brasileiras. E mais do que isso, também vale a pena notar que diferentes abordagens implicam em distintos efeitos imediatos na sociedade. Sendo assim, fica a pergunta no ar: na busca pela redução do preconceito contra o homossexual, seria mais eficaz uma abordagem que fosse incisiva contra a discriminação ou uma outra que optasse por destacar a naturalidade da relação gay? Seria a naturalização uma nova tendência de Manoel Carlos e/ou de outros autores?
Coincidência ou não, o fato é que “Paraíso Tropical” parece aderir ao time dos que vêem no tom simples e cotidiano a melhor opção para a representação dos casais gays nas telenovelas. De qualquer forma, enquanto o sofisticado Gilberto Braga não confirma para o que veio, só nos resta esperar para ver o que está reservado para o casal da vez, representado por Carlos Casagrande e Sérgio Abreu. Aguardem!
por Renata Cerqueira
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