terça-feira, 17 de abril de 2007

Café com Pão


Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha? Retornando às discussões dos primórdios da teledramaturgia: o público influencia no andamento da novela ou a novela conduz os sentimentos do telespectador?

Mesmo tratando-se de um assunto clichê, vamos assumir que o tema é interessante. Será mesmo a audiência capaz de mudar o rumo das novelas e de seus personagens?

De fato, alguns autores mataram muitos desses personagens que não caíram no gosto do público. Já em outras novelas, novos atores foram recrutados, para tentar levantar o ibope da trama. Além disso, sempre que o assunto é polêmico (beijos gays, por exemplo), o autor sempre recorre àquela velha pesquisa da opinião pública, para ver até onde persistem os resquícios conservadores da nossa sociedade.

Por outro lado, quem nunca se sentiu guiado emocionalmente pelo enredo de uma novela? Quem nunca chorou naquelas cenas desenhadas a pincel pelo autor (incluindo atores principais aos prantos, sofrendo, com músicas trágicas no fundo)? A gente ri, chora, se enraivece, exatamente segundo o lugar pensado, previamente, pelo autor para nós, receptores.

Acredito, então, que ambas as hipóteses são verdadeiras. O bom autor consegue conduzir, sim, os sentimentos e expectativas do seu público; entretanto, não se trata de uma regra. Seja por encenações de atores inexpressivos (sem a famosa “química”), seja pelo erro de cálculo do próprio autor nesse jogo de adivinhar, previamente, nossa reação diante das novelas, o fato é que algumas tramas não são bem sucedidas. Neste momento, portanto, é que a opinião pública é acionada, mexendo-se aqui e ali nos enredos dos personagens; afinal de contas, as emissoras de TV também precisam do seu café com pão diário.


por Juliana Lopes.

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