sexta-feira, 20 de abril de 2007

Um desabafo nada jornalístico



Quando eu era criança, não tinha dúvidas de que os desenhos animados constituiam a melhor programação da tevê. "Capitão Planeta", "Cavalo de Fogo" e "Os Caça-fantasmas" eram alguns dos meus prediletos, aqueles que faziam com que eu mentisse para minha mãe, dizendo que estava me sentindo mal, só pra ver se conseguia matar a aula e a saudade dos meus personagens favoritos.

Bem, o tempo passou, infelizmente eu cresci, e o meu gosto mudou. Comecei a não achar tanta graça nem nas piadinhas de Doug Funny nem em como O Máskara se metia em confusões (pra falar a verdade, acho que nunca fui fã daquele monstrinho verde...). Mas antes que eu me empolgue demais com a "sessão nostalgia, versão desenho animado", o fato é que percebi que os meus companheiros de infância não eram mais pra mim. E foi aí que as novelas entraram em minha vida.

Começando por Carrossel, passando pelas marias-mexicanas e terminando na Globo, acho que a lista de tramas que acompanhei é tão longa, que nem vale a pena sequer começar a citar aqui. O importante é que, todo dia de noite, se minha mãe deixasse, eu ficaria deitada em minha cama, assistindo a todas as novelas que me visitassem pela televisão. E foi assim durante muito tempo, garota globinho total.

Então as coisas começaram a mudar. Entrei na Faculdade de Comunicação (será que isso fez com que eu me interessasse mais por cinema?) e o meu tempo se exauriu. Deixei de acompanhar minhas queridas tramas noturnas e, algum tempo depois, ao tentar retornar ao meu antigo hábito, percebi que alguma coisa tinha mudado. O prazer em ficar diante da tevê já não era mais o mesmo, e digo isso sem qualquer arrogância cult. As novelas é que já não eram mais as mesmas...

Quando eu disse lá no título que esse texto não era jornalístico, eu quis dizer que aqui não existem fatos, apenas impressões desconexas de apuração ou dados de pesquisa. Sendo assim, posso me meter tranqüilamente a falar que, como se faltasse um tempero a mais, as novelas atuais me soam repletas de lacunas e, ao memso tempo, cheias de repetições. Sabe quando falta aquele acessório que dá vida a uma roupa que antes era sem graça? Ou sabe quando não há aquela típica empolgação de primeiro encontro de casal?

Lógico que não sou nenhuma especialista no assunto, a ponto de apresentar conclusões sobre o porquê disso tudo ( se é que algo tão subjetivo quanto uma impressão pode ter algum tipo de confirmação acadêmica...). Mas o que sinto é que algo mudou nas novelas e, agora, quase que parece não ter gosto de nada. De qualquer forma, enquanto uma ex-telespectadora assídua, sinto-me no direito de perguntar a quem quer que possa interessar no universo das telenovelas: será que não vai um pouco de sal aí?

Por Renata Cerqueira

Um comentário:

Larissa Paim disse...

Sim sim: precisamos (e muito!) de sal! Que bom, Renata, acabo de me dar conta de que eu não sou a única a sentir que as telenovelas não são mais as mesmas. Esqueça a sessão nostalgia - e sim, eu também fiquei contente com as referências aos desenhos animados, só faltou mencionar os Cavaleiros do Zodiaco... É só que um dia eu também já fui "viciada" em telenovelas. Aí vieram os seriados, a falta de tempo e, no fim, o que vejo nas telenovelas parece não me atrair mais...