sexta-feira, 11 de maio de 2007

Depois do FIM ainda há vida


Final de novela é sempre bom. Seja porque você não agüentava mais a trama e queria que viesse logo a próxima, seja porque você estava ansioso para saber o destino dos personagens que aprendeu a amar durante meses. O fato é que, considerando o antagonismo entre mocinhas e vilãs, os desfechos são bastante diferentes nos dois universos.

As mocinhas, nos últimos capítulos, sempre acabam se casando com seus príncipes encantados, grávidas (algumas já com um belo pimpolho de cachos d’ouro), ou, ainda, reencontrando algum filho pelo qual procurou a novela inteira (essa onda “Nazaré” parece ter virado moda nas tramas). A pergunta é “e se a novela continuasse?”.

Provavelmente, essas lindas e meigas mulheres estariam uns 20 kg mais gordas, tendo de se matar de trabalho para sustentar o, agora, pré-adolescente filho, insuportável, cheio de piercing e com um moicano, ainda d’ouro, mas sem cachos.

Com certeza, a mocinha, agora já não tão moça, estaria pensando se, naquele casamento prosseguido pelas famosas letrinhas “FIM”, cena limite na qual o autor nos permite chegar, ela tivesse voltado atrás. Se ela tivesse adiado alguns anos aquele sonho de adolescente e tivesse investido mais na sua carreira profissional ou se tivesse posto em prática o plano de fazer aquele regime sempre adiado.

Do lado oposto das tramas, por sua vez, chegado o fim da história, as vilãs, quando não morrem, não são presas ou não enlouquecem, acabam viajando com algum empresário milionário, num daqueles incríveis Cruzeiros, já pensando em como extorquir cada paletó importado daquele coitado senhor.

Cercada de champagne, com vestidos estonteantes e, naturalmente, sexy (a vilã é sexy por natureza), as malvadas personagens, provavelmente, viveriam seus próximos anos intensamente, conhecendo novas pessoas com diferentes culturas. Rapaz, se não morreu, nem enlouqueceu, o que vier é lucro (e haja lucro!).

Entre ficar com a barriga encostada no fogão, cozinhando para um “pré-aborrecente”, e viver navegando, desfilando belas jóias, não sei se essa tal de “honestidade” que distingue mocinhas e vilãs vale à pena, não! Se fosse na “vida real”, tudo bem; era um caso para se pensar! Mas, aproveitando o mundo fictício em que vivem tais personagens, me pergunto: o que é que essas mocinhas, tão bonitinhas, tão novinhas, estão fazendo com suas vidas? Já se foi o tempo em que casamento era sinônimo de “e foram felizes para sempre”.



por Juliana Lopes.

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