quarta-feira, 30 de maio de 2007

Verdade Fictícia


Finalmente, a prova concreta de que novela e realidade são duas coisas bem distintas! Ninguém melhor do que um experiente autor, renomado dentro da Rede Globo, para confirmar o que venho dizendo há alguns post’s.

No penúltimo domingo, dia 20 deste mês, estava eu assistindo ao Domingão do Faustão (só eu que admito que assisto), à espera da “Dança dos Famosos”, quando surgiu uma discussão nada clichê: o debate sobre o relacionamento de mulheres mais velhas com meninos jovens. A situação foi exposta no programa através do mais recente casal que conquistou o país e ajudou “Paraíso Tropical” a subir uns pontinhos no ibope: Ana Luísa, interpretada por Renée de Vielmond, e Lucas, interpretado por Rodrigo Veronese.

Enfim, histórias à parte, o que mais me chamou a atenção foi a fala de Gilberto Braga, autor da trama. De forma bem direta e, agora sim, realista, Braga explicou por que decidira separar, temporariamente, o casal, inventando uma viagem para Lucas. O argumento dele foi que o romance não era real; tratava-se de mais uma ficção voltada para o entretenimento do telespectador.

É comum, atualmente, vermos casais com diferenças de idade entre os parceiros, vivendo como qualquer outro casal, afinal de contas é exatamente isso que eles são. Entretanto, para o autor da novela, se os dois continuassem juntos até o final, tornar-se-iam , apenas, “uma mulher mais velha e um cara mais novo se beijando o tempo todo, sem parar” (e isso não traria audiência para a já abalada novela).

A fala de Braga nos mostrou, nitidamente, a visão de quem tenta conduzir as expectativas e os sentimentos dos telespectadores, através da elaboração de seu produto. Em busca do retorno esperado, os autores se utilizam de elementos que, na maioria das vezes, fogem à realidade, prendendo-nos, justamente, pela fantasia, pela capacidade de poder nos levar a um mundo do qual gostaríamos de fazer parte.

Espero, enfim, que, depois de tanto argumento e de tanto espaço destinado a esse tema, eu tenha conseguido, definitivamente, provar que as novelas “fingem” imitar a realidade, mas, na verdade, acabam seduzindo o telespectador, justamente, pela razão oposta. As tramas constroem uma relação com o receptor, onde este se transpõe para um mundo fantasioso, adaptando características imaginárias, as quais desejaria viver, à sua própria realidade.

por Juliana Lopes

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